quarta-feira, 8 de junho de 2016

Alternância do Poder


                        
Se a maioria da população decidir por não empreender uma alternância do poder, essa decisão será democrática. Não-democrático é um pequeno grupo impedir essa não-alternância. Não-democrático seria quem está no poder impedir a alternância à força ou por meios escusos. Não-democrático seria tirar a liberdade das pessoas de escolher, se preferem essa alternância ou não. Pois, a essência da democracia é seguir a decisão da maioria da população.

Diante das falcatruas, jogo de interesse, tráfico de influências, nepotismo, licitações fraudadas, superfaturamentos, propinas e caixa dois, sempre presentes nas disputas eleitorais, ficamos atônitos em busca de políticos que possam nos representar. E, muitos eleitores acabam por deixar de votar pelos interesses da cidade e passam a votar de acordo com suas próprias necessidades pessoais, o que acaba se tornando num desastre para os interesses da coletividade.


Ao votar por uma consulta médica, uma caixa de remédios, uma cirurgia, uma promessa de emprego, uma regalia para si mesmo, para um parente ou para sua empresa, tornam-se seres abjetos que vendem a sua dignidade, muitas vezes até por bem menos do que qualquer uma dessas coisas. A alternância do poder não implica em mudanças drásticas das políticas públicas. O que está dando certo deve ser mantido e pode até ser melhorado por quem está fora do poder. As novas sugestões, devem ser propostas com um espírito comunitário de cooperação e de convivência dos opostos.


A perpetuação de um domínio político, quando é baseado em projetos pessoais ou em interesses financeiros privados, é um desastre para a democracia de uma cidade. Além de alimentar a casta dos beneficiários locais, ela destrói os fundamentos da gestão sadia dos serviços públicos, provocando a falência da estrutura administrativa e corrompendo totalmente a moral dos servidores, transformando suas relações com a população num balcão imoral de negócios.


A quebra permanente da cadeia de confiança recíproca entre a população e os servidores municipais, esgarça o tecido social e político do município, lançando-o nas trevas da ignorância, diante de uma deterioração da sua capacidade de executar atos simples, como a manutenção dos equipamentos básicos de saneamento, saúde, educação e de segurança. 


Búzios tem se transformado aos poucos num ajuntamento desordenado e decadente de moradores, interessados apenas na sua própria sobrevivência a todo custo. Um cenário que não é ideal para o desenvolvimento da cidade. Daí a saudável importância da alternância do poder, para temperar o exercício da democracia com o crescimento sustentável do município. 

Como o Rio de Janeiro está sediando um evento da importância dos Jogos Olímpicos, isso poderia contribuir para melhorar a atuação da nossa gestão pública e profissionalizar toda uma cadeia de atendimento aos nossos visitantes, que são a única razão de ser da nossa economia: os turistas.


Precisamos mudar a mesmice com que conduzimos as nossas discussões políticas, que não inovam em nada nem estimulam a melhoraria dos aspectos urbanísticos e a postura correta para receber esses visitantes, que se impressionam com a decantada beleza plástica da cidade, mas que já percebem que ela está desgastada pelo descuido e o desleixo. 


Teremos a oportunidade de dar uma chance e passar o bastão para quem quer contribuir para essas melhorias, nas próximas eleições. Acertar na escolha ao votar, poderá trazer mudanças. Mas, é nossa consciência da responsabilidade com o meio ambiente e a segurança do município, que vai fazer uma grande diferença para o desenvolvimento sustentável de Búzios.

José Carlos Alcântara

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