domingo, 31 de julho de 2016

A Região dos Lagos sustentável

A Região dos Lagos, também conhecida como a Costa do Sol, faz parte da Mesorregião das Baixadas Litorâneas do Rio de Janeiro, ocupada por cerca de 1 milhão de habitantes, que correspondem a pouco menos de 5 % da população do estado, residindo nestas cidades: 


Ao examinar os problemas que são comuns a cada um desses municípios, nos deparamos com as causas que aproximam, mas ao mesmo tempo afastam dramaticamente muitas propostas para o desenvolvimento dessa região. Mas, os desafios que a atual conjuntura econômica impõem à essa região, poderão se transformar em importante oportunidade para promover a integração e o crescimento econômico das cidades da Região dos Lagos.

Após décadas de isolamento e atraso no seu desenvolvimento, o crescimento populacional exponencial dessas cidades, acabou por desenhar um perfil que parece aproximar definitivamente a todas elas. A baixa qualificação profissional de sua população é um traço comum que tem inviabilizado investimentos, afastando o interesse de importantes setores empresariais, que poderiam investir e se beneficiar da recém instalada infra-estrutura de transporte, comunicação, educação e serviços urbanos, que aos poucos chegaram em menor ou maior escala, através de modernas rodovias que interligam todas essas cidades.

As atividades econômicas que pareciam antes tradicionais, foram aos poucos dando lugar à crescentes oportunidades de negócios, cuja principal característica visível foi a ocupação territorial, com a edificação de imóveis residenciais e comerciais em praticamente todas localidades da região.

Expansão essa que foi desordenada, sem um planejamento e que acarretou o atual panorama comum de descontrole do ordenamento das áreas urbanas, com uma baixa qualidade dos serviços de saúde e educação, além de uma grave deterioração dos recursos ambientais e do bem estar social, completando o quadro de insegurança da população, diante de problemas sociais que têm aumentado com o crescimento da criminalidade.

O grande impacto do crescimento do turismo, traz por um lado benefícios, como a ocupação da mão de obra nativa e o aumento da renda média dos trabalhadores, mas não traz alívio para esses problemas, pela baixa diversificação da formação e aperfeiçoamento de profissionais, destinados sobretudo a atender às atividades comerciais, prestação de serviços e ao mercado da construção civil. Mas, as atividades industriais locais empregam hoje em dia um reduzido número de profissionais e oferecem poucas perspectivas reais de crescimento, diante dos investimentos escassos para a capacitação profissional.

Reverter esse quadro, exige uma visão pragmática e a elaboração de um projeto de desenvolvimento sócio-econômico de longo prazo, que deverá estar livre de pressões geradas por motivações políticas imediatas, que distorcem a possibilidade de agregar e modificar a região como um todo, distanciando o progresso dessas cidades de um crescimento contínuo e sustentável, em troca de projetos políticos e interesses corporativos isolados, motivados apenas por uma exploração de ciclos econômicos de curto prazo e um desenvolvimento social irrelevante.

1. Quais são as principais características dos habitantes das cidades da Região dos Lagos? Como vivem e como pretendem viver no futuro?

2. Como podemos mapear o fluxo migratório e as motivações que geram o deslocamento desses habitantes e quais seriam seus vínculos com os diversos setores da economia das localidades dessa região?

3. Qual o volume e a expansão populacional ideal que as cidades poderão atender, para conseguir gerar emprego e renda, melhorando o padrão da qualidade de vida dessa população?

4. Como planejar a oferta adequada de serviços para atender à expansão urbana, garantindo uma melhoria do bem estar social dessa população?

5. Como orientar os investimentos públicos e privados e conseguir distribuí-los de forma equilibrada, para garantir o futuro de seus habitantes?

6. Como promover um salto de qualidade, colocando a Região dos Lagos em nível de igualdade às demais regiões com melhores condições econômicas no estado do Rio de Janeiro?

7. Como eleger prioridades e obter recursos necessários para atender o desenvolvimento integrado de toda a Região dos Lagos? 

8. Qual o caminho, as alternativas e propostas para criar um novo ambiente de crescimento econômico, atraindo investimentos, fornecendo condições para o estabelecimento de uma economia criativa e fomentar uma nova era de expansão econômica para a Região dos Lagos?

9. Como provocar ações políticas para obter uma integração de fato de todas as cidades, minimizando os danos ao meio ambiente e promovendo a expansão planejada de toda a Região dos Lagos?

10. Como descobrir novas vocações econômicas, divulgando ao mesmo tempo os principais valores culturais, recursos naturais e referências históricas da região, realizando um planejamento do desenvolvimento integrado sustentável da Região dos Lagos? 

Essas indagações nos motivam propor ao Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, a criação de uma instituição de estudos e pesquisas em Cabo Frio, com um corpo técnico capaz de desenvolver projetos para responder a essas questões e poder planejar o crescimento econômico a longo prazo dessa região, tornando-a num centro de excelência para a formação e o aperfeiçoamento de recursos humanos de nível superior para sua população.

A orientação que deve guiar o objetivo principal dessa instituição é de obter soluções para melhorar a qualidade de vida da população local e o progresso dessas cidades, apresentando projetos que atendam necessidades de cada município, buscando sempre soluções que consigam alcançar o desenvolvimento integrado com vertentes ambientais, econômicas e sociais, que são comuns a todas as cidades da região.

Nossa proposta é criar o CEDIS - Centro de Estudos do Desenvolvimento Integrado Sustentável, com uma divisão de estudos e pesquisas, para elaborar projetos abrangendo as seguintes modalidades: Mobilidade Urbana, Energia e Eficiência, Infraestrutura, Tecnologia, Lazer, Bem Estar Social, Atividades Culturais, Gestão Ambiental, Planejamento do Crescimento das Cidades, Projetos de Economia Criativa e de Empreendedorismo.

José Carlos Alcântara