terça-feira, 13 de novembro de 2018

A Búzios de nossos sonhos



Ao votar pela emancipação de Búzios, a sua população sonhava com uma cidade autônoma, administrada com competência e dona do seu próprio destino. Após ser constituído, o Município de Armação dos Búzios passou a fazer parte da Região das Baixadas Litorâneas do Estado, classificada pelo IBGE como a mesorregião 3304, composta por 12 municípios:

Araruama, Armação dos Búzio
s, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Rio Bonito, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.

Ao nos depararmos com essa definição, nos lembramos dos dias da luta travada por seus moradores, para que aquele lugar deixasse de ser o 3º Distrito de Cabo Frio, tornando-se numa cidade nova, moderna e com sua economia voltada para o mercado do turismo internacional.

Mas, após esses 20 anos de emancipação, constatamos com tristeza que não foi isso que aconteceu. A sua população atual de 31.067 pessoas, segundo o IBGE, vive hoje muito longe das metas daquele elaborado Plano Diretor, que definia os caminhos do crescimento socioeconômico sustentável com sua expansão urbana planejada e seus problemas de saneamento básico, urbanísticos, de saúde, educação, segurança e de gestão pública, resolvidos.

O estudo original realizado pela Fundação Getúlio Vargas, pesquisou os rumos que seus habitantes queriam para a Cidade, propondo as seguintes indagações:

Que processo de desenvolvimento preferimos?

Para onde estamos indo?

Para onde queremos ir?

Para onde podemos ir?

Como resultado, elaborou um Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Búzios, direcionando projetos, regulamentando as suas construções, estabelecendo áreas de reserva e procurando garantir o futuro da Cidade.

Aquela charmosa aldeia de pescadores, descoberta há décadas por artistas, intelectuais, empresários, diplomatas e turistas vindos de todas as partes do mundo, sucumbiu à uma ocupação desordenada, sem alcançar uma integração das atividades urbanas e periféricas de seu território.

Faltou um planejamento do controle de uso, ocupação e parcelamento do seu solo urbano, além da distribuição espacial adequada das suas atividades socioeconômicas, com os precários e poucos equipamentos urbanos e comunitários, incompatíveis com a preservação ambiental e cultural do lugar.

A grife BÚZIOS precisa com urgência de um Plano B, capaz de valorizar a capacidade instalada da sua indústria de turismo e qualificar a sua infra-estrutura de serviços, para atender a sua vocação de turismo náutico, de negócios e agora também de massa.

Precisa diversificar com criatividade a utilização de seus recursos, expressando os anseios da população, para voltar a atrair investimentos, promover a geração de empregos e o bem estar social.

Na escolha do seu gestor e de seus vereadores nas eleições em 2020, essas preocupações estarão lá, aguardando outra vez a decisão dos moradores:

Para onde vamos?

O que podemos fazer para corrigir os erros do passado?

Como seremos vistos daqui há 20 anos?

Vamos permitir que essa incerteza continue a nos governar?

Teremos forças para reverter essa situação?

Poderemos ser a Búzios com que um dia sonhamos antes da emancipação?

domingo, 11 de novembro de 2018

A vez da cidade sustentável

Urbanismo é a ciência humana de caráter multidisciplinar, relacionada com o estudo, planejamento e regulação da cidade. O urbanista é o profissional responsável por todo o espaço urbano, desde os locais de favelas sem infra-estrutura, passando pelas áreas nobres de uma cidade. 

O urbanista projeta, organiza, cria, calcula e constrói ambientes de forma harmônica, desenvolve atividades como paisagismo e comunicação visual, faz e executa projetos relacionados ao lixo, à devastação de áreas ambientais urbanas, ao transporte e às construções, sempre buscando soluções para os problemas do planejamento do espaço físico em benefício do bem-estar do homem. É a arquitetura voltada para as necessidades do cidadão!

Mais da metade da população mundial vive atualmente em áreas urbanas por causa da desvalorização da vida no campo e a continuidade do êxodo rural. Em 1900, um décimo da população da Terra vivia em cidades. Há décadas, quando se falava em ecologia urbana, era basicamente a poluição do ar ou das águas de abastecimento.

A complexidade das preocupações ambientais urbanas cresce consideravelmente: Impermeabilização de solos, com impactos diretos sobre a vida da população (enchentes), edifícios doentes, emissão de gases do efeito estufa, poluição do ar, sonora e hídrica; produtos nocivos à camada de ozônio, intoxicação por inseticidas domésticos, contaminação por amianto, ilhas de calor, destruição dos recursos naturais; desintegração social; desemprego; perda de identidade cultural e de produtividade econômica.

As formas de ocupação do solo, o provimento de áreas verdes e de lazer, o gerenciamento de áreas de risco, o tratamento dos esgotos e a destinação final do lixo coletado, muitas vezes, deixam de ser tratados com a prioridade que merecem.

As cidades costeiras com vocação para o turismo, por exemplo, vêm sendo comprometidas cada vez mais pelas descargas de esgotos "in natura" e pelas precárias condições de limpeza pública e coleta de lixo. É nelas que os interesses especulativos imobiliários forçam a ocupação de áreas de preservação ambiental, desfigurando a paisagem e destruindo ecossistemas naturais.

Já as cidades históricas, como Ouro Preto (Minas Gerais) 
e Olinda (Pernambuco), também sofrem com a especulação imobiliária, com a favelização e com o turismo indiferente à preservação do patrimônio cultural e ambiental. Na Amazônia, as atividades extrativistas e o avanço da fronteira agrícola produziram cidades de crescimento explosivo, que se tornaram paradigmas para a degradação da qualidade de vida no meio urbano.

Por isso, um dos grandes desafios do novo milênio é encontrar novos caminhos para as nossas cidades, viabilizando a sua própria existência. Segundo o WorldWatch Institute, "as cidades ocupam cerca de 2% da superfície terrestre, mas contribuem para o consumo de 76% da madeira industrializada e 60% da água doce" e ainda conclui que mudanças em seis áreas - água, lixo, comida, energia, transporte e uso do solo - são necessárias para fazer cidades melhores para as pessoas e o planeta.

Atualmente existe um novo conceito, conhecido como "cidades saudáveis", que busca o desenvolvimento e a melhoria contínua das condições de saúde social e bem estar de seus habitantes. Segundo a OMS, para que uma cidade se torne saudável, ela deve esforçar-se para proporcionar:

1) um ambiente físico limpo e seguro;
2) um ecossistema estável e sustentável;
3) alto suporte social, sem exploração;
4) alto grau de participação social;
5) necessidades básicas satisfeitas;
6) acesso a experiências, recursos, contatos, interações e comunicações;
7) economia local diversificada e com inovação;
8) orgulho e respeito pela herança biológica e cultural;
9) serviços de saúde acessíveis a todos e
10) alto nível de saúde.

Para que o Movimento Cidade Saudável se torne efetivo é vital a participação efetiva de cada um de nós. Isso significa mudar os hábitos e desenvolver novas atitudes. Afinal, uma nova cidade começa em nós. É também preciso que todos os setores e segmentos sociais assumam um compromisso em torno de problemas e soluções, estabelecendo-se um pacto ou contrato social em prol do Bem-Estar.

A cidade deve ser entendida como um ecossistema, uma unidade ambiental, dentro da qual todos os elementos e processos do ambiente são inter-relacionados e interdependentes, de modo que uma mudança em um deles resultará em alterações em outros componentes.

A natureza na cidade deve ser cultivada como um jardim, em vez de ser ignorada ou mesmo subjugada. São necessários estudos da natureza da ocupação, sua finalidade, avaliação da geografia local, da capacidade de comportar essa utilização sem danos para o meio ambiente, de maneira a permitir boas condições de vida para as pessoas, permitindo o desenvolvimento econômico-social, harmonizando os interesses particulares e os da coletividade.

Uma cidade sustentável é compacta, cidadã, solidária e planejada sobre os princípios do desenvolvimento sustentável, sendo reconhecida como parte da natureza. Afinal, mais do que nunca, é hora de sair o cinza e entrar o verde. Agora é a vez da cidade sustentável!


José Carlos Alcântara

terça-feira, 6 de novembro de 2018

O turismo no Brasil

    
Cerca de 20 milhões de turistas visitaram Portugal em 2017. Esse número é cerca de duas vezes maior que a população do país, que não chega a 11 milhões de habitantes. A taxa de ocupação dos hotéis chegou a 80% dos estabelecimentos, sendo que a maior parte desses turistas veio da Europa.
Em nosso país, o Ministério do Turismo registrou em 2017: "O maior número de entradas de estrangeiros no Brasil em toda sua história". Um total de 6.588.770 de turistas desembarcou aqui, para visitar um país de dimensões continentais, com 208 milhões de habitantes vivendo num território de 8.515.767,049 km².
Com cerca de 400 mil turistas a mais no ano de 2017, houve portanto uma alta de 11,1% em relação a 2016 e, mais uma vez, foram os países da América do Sul que incrementaram esse aumento, representando 62,4% do número total de entradas de estrangeiros, totalizando 4,1 milhões de turistas sul-americanos.
Entre os principais países emissores de turistas internacionais, foi a Argentina que continuou em primeiro lugar, com 2.622.327 visitantes ou 14,3% a mais do que em 2016. Nosso país vizinho, respondeu por quase 40% de todos os turistas internacionais que visitaram o Brasil em 2017. Em segundo lugar ficaram os Estados Unidos, com 475,2 mil turistas - uma queda de 7% em relação ao ano anterior. Seguidos do Chile, ocupando a terceira posição e chegando a 342,1 mil entradas em 2017 ou 5,2% a mais do que em 2016.
São Paulo é a principal porta de entrada de turistas no Brasil, por onde chegaram 2.144.606 (32,5%) de todos os turistas internacionais que nos visitaram em 2017. Enquanto o Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, com o total de 1.355.616 de turistas ou 20,5%. Em terceiro lugar, o Rio Grande do Sul, foi a porta de entrada de milhares de hermanos ou 1,27 milhão de turistas cruzando nossa fronteira no extremo sul do país.
Apesar de registrar uma queda de 4,2%, o avião continua a ser o principal meio de transporte para nossos turistas internacionais. De todos visitantes que chegaram ao Brasil em 2017, um total de 4,183 milhões (63,5%) vieram de avião. Por nossas rodovias, entraram 2,25 milhões (34,15%) de turistas. Um total de 52,5 mil (0,8%) usaram navios e outros 97,1 mil turistas (1,4%) entraram no país por via fluvial.
Como poderemos reposicionar a imagem do Brasil no exterior, para reforçar a sua promoção internacional e realizar um esforço de abertura do país para o mercado global, como forma de impulsionar a vinda de um maior número de visitantes e estimular investimentos para o crescimento do turismo internacional no Brasil?
O novo presidente do Brasil, terá que lidar com as consequências do processo de desgaste causado pela violência e insegurança em nossas cidades, além do nosso cenário econômico desafiador. O país ainda é uma economia fechada nesse setor e a sua abertura estimularia grandes mudanças na agenda econômica, que nos levaria a uma melhoria desses serviços, reposicionando nossa imagem e gerando um grande estímulo para ampliar nossa participação no importante mercado internacional do turismo.
José Carlos Alcântara